segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

"Um simples telefonema pode partir uma vida ao meio"

"Um simples telefonema pode partir uma vida ao meio" - esta expressão vem de uma lutadora, de quem estou a ler o seu livro - Sofia Lisboa. E é incrível como uma frase que lemos faz tanto sentido. 
Foi precisamente no dia 4 de Janeiro que recebi uma chamada dessas. À 5 anos recebi a chamada da tua perda Sofia. Parece que ainda oiço tudo o que me foi dito pela Catarina. 
Mas este ano, neste teu dia, juntei-me aos teus pais, irmão e amigos e falamos de ti, sorrimos por ti tal como tu sempre sorrias. 

Se me perguntarem se já aceitei que partiste, não aceitei. E ainda não consigo perceber bem o porquê de a tua luta ter acabado no início. Acabou no momento do teu transplante, e isso é incompreensível.
Mas tento conviver com essa ideia e lembrar-me sempre de ti como um exemplo a seguir nesta luta pela Fibrose Quística. Partiste cedo, mas com a tua missão concluída. Partiste com o teu exemplo de vida e força dado.
És um Orgulho para todos, que como eu, tivemos o privilégio de conviver contigo e te conhecer.
Ainda acredito que um dia nos vamos encontrar e rir de muitas coisas que fizemos juntas e que iremos ainda terminar tantas conversas que tivemos e ficaram pendentes.

És, um dos muitos, anjinhos da guarda que tenho a tomar conta de mim aí. E todos têm em comum serem lutadores, incríveis e terem conseguido em vida transmitir valores que nunca ninguém esquecerá. 

Beijinho salgado, que só nós temos. 
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1 comentário:

  1. Olá Ana Filipa. Antes de mais muitos parabéns pela força e determinação com que lutas para viveres. Eu sou a Maria e no dia 09 de Outubro de 2010 nasceu aquela que é hoje o grande amor da minha vida. Mas a verdade é que desde o nascimento da minha pequenina que também é Maria a minha vida tornou-se num verdadeiro inferno desde o primeiro mês de vida. A Fibrose quistica da Maria foi diagnosticada em Julho de 2013, mas até chegar a esse diagnóstico foi doloroso, pois passei a vida a correr para médicos, urgências, em internamentos até parar nos intensivos, onde me confirmaram a doença. Aí, nos intensivos, disseram-me que só um milagre a salvaria e a verdade é que isso veio realmente a acontecer. No entanto após esse episódio a minha pequenina continuou sempre com infecções respiratórias, muitas consultas, muitas urgências, muita terapia respiratória até aos dias de hoje. A minha vida tem sido dedicação total à minha menina, onde o sentimento de medo de a perder nao me larga. Acho que nao estou a conseguir lidar com a doença. Fui eu que até ao fim do ano passado lhe coloquei sempre as sondas nasogastricas, fui eu que mais de um ano a aspirava várias vezes ao dia e talvez tudo isso me tenha traumatizado. Quando a força me tenta fugir eu tento fazer com que isso nao aconteça pensando que o amanha será menos mau do que o Hoje. Mas a realidade é que tem sido muito difícil, tem sido uma luta que me faz morrer mais um bocadinho cada dia que passa. E hoje ao ler o apela da menina do Chile que pede para morrer por estar farta desta forma de viver deixou-me ainda pior. A verdade è que deixou-me de rastos, e nao páro de pensar nesta minha menina. Por isso só te quero perguntar como consegues lidar diariamente com a doença. Onde vais buscar a tua força?

    Obrigada pelo testemunho que é para mim um exemplo de força e coragem.

    Maria Magalhaes

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