terça-feira, 8 de junho de 2010

“Acreditar que é possível” , 14 meses ( :

Há quem diga que para tudo na vida é preciso ter sorte. Para que estejamos felizes, precisamos de ter sorte de ter uma família que nos proporciona esse ambiente. Para termos sucesso na vida é preciso ter a sorte de ter oportunidades que facilitem esse mesmo sucesso. Ou seja, para que na vida nos aconteça algo de bom, não nos compete a nós, mas sim ao ambiente que nos rodeia. Pois bem, se pensarmos bem quem tem essa mesma “sorte” não sabe dar o seu verdadeiro valor, não valoriza o que de bom lhe foi proporcionado. E nós, refiro-me a doentes de Fibrose Quística, não temos essa “sorte” dada. Tudo o que nos acontece de bom é fruto do nosso esforço e dedicação.

Nós acreditamos que é possível, e é nesse acreditar que fui buscar muitas das forças para que a vida me sorrisse.

Sempre me ensinaram que a sorte não se tem, nada é dado mas consegue-se!

E eu lutei para conseguir a vida que tenho hoje. Vida essa que sempre foi feliz. Sempre me orgulhei de ser como era, a Fibrose Quística ensinou-me tanto. Ensinou-me o que era ter de lutar para conseguir viver, o que era ter de ser forte e pensar que o dia seguinte seria melhor, que o que “tem de ser” tem muita força e aprendi sobretudo a moldar-me aos limites da minha vida. Todos nós temos limites, até quem se diz ter a “sorte” de ser saudável.

Não tenho vergonha de dizer que tenho fibrose quistica, não tenho vergonha de dizer que estava muito mal, que tinha de ser submetida a um transplante, que não era ‘igual’ não outros meus amigos. E percebi então que era especial, senti-me na obrigação de mostrar que se vive feliz de qualquer maneira, desde que nós sejamos felizes por sermos nós próprios.

E em 18 anos de vida, em 14 meses de transplante que festejei ontem, posso afirmar que sou feliz e muito mesmo.

Sou feliz por ser quem sou. Tenho orgulho em ter conseguido lutar e vencer no dia 7 de Abril de 2009.

E sinto-me tão bem em receber os mais variados email’s e mensagens de ajuda e felicitação de outros “amigos” com FQ.

E espero que a minha felicidade hoje, seja a vossa amanhã. E não se esqueçam que nós com Fibrose Quística, somos especiais e lutadores ( :

E termino hoje a dizer-vos como disse uma vez Raul Solnado “Façam o favor de serem felizes”.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Consulta , digamos lenta ...

Bem pode parecer estranho o titulo na noticia de hoje. Mas se vos disser que ando de moletas (proveniente de uma queda), percebem logo a parte do "lenta".

Hoje foi dia de mais uma consulta lisboeta. Em que o único receio era mesmo aparecer frente ás doutoras/enfermeiras e dizer que andava de moletas porque agora não páro quieta e depois, como diz a minha pequena Iva, PUMBA !

Digamos que a hora de chegada habitual era perto das dez da manha e hoje uiiii eram dez e e e e ... vinte . Que spead que eu ando.

Lá no hospital foram os exames normais. Provas funcionais sempre a bombar com estes pulmões que não guardam ar nenhum. As análises foram normais também , apenas as defesas acusaram uma pequena descida, mas devido a uma nova medicação que tenho, nada de alarmante.
E claro que com estas amigas baixas, a picada na barriga voltou. A Dra Alexandra quando quer, até dá umas coisinhas boas ao povo.

Relativamente ao pé, aí é que foi. Ver a cara da Dra Luísa e franzir os olhos e a começar a rir-se como quem "se tivesses quietinha nao estavas assim" . Mas digo já , aqui publicamente no blog que a culpa não é minha. A equipa de Sta Marta é que me transplantaram uns pulmões potentes e agora isto tem de ter uso eheh

Ah e claro que como na família de Sta Marta, não podia faltar aquelas conversas. Que hoje se juntou o gang juvenil (Paulo, Tiago, Sr. Pato). E eu e o Tiago, entre sorrisos e confissões, chegamos á conclusao que mesmo ja com as nossas idades, as nossas mães nao nos "largam" (:

E ainda á conversa com os recentes jovens transplantados e ainda a Margarida em Lista de Espera. É sempre bom dar o nosso testemunho e ver no rosto dos que esperam um brilho no olhar e sonharem com o que é a nossa vida agora e que nós tambem um dia sonhamos.

E terminei assim o dia com um momento hilariante na estação de Famalicão, que depois de tantas voltas e caminhadas, ja nao aguentava dos braços e da perna direita com o peso do corpo sobre as moletas e tive de andar ao colo do meu pai ahah
Tarefa complicada para ele, que já perdeu o hábito. E em plena estação lá andava eu ao colo do meu paizinho.

E assim foi mais um dia de aventuras por Lisboa (:

e deixo aqui três palavras apenas para os que anseiam pelo transplante:
Sonhem , Lutem , Vivam :D

domingo, 9 de maio de 2010

13 Meses (:


Parece que ainda foi ontem que tudo isto aconteceu, a chamada , a alegria associada ao medo, a entrada no bloco, os drenos , o respirar pela primeira vez, tudo tão especial, mas que já foi á treze meses.

Este primeiro mês após o ano, foi ainda mais especial. Isto porque me encontro na recta final de um grande sonho de acabar o 12ª ano. Apesar do trabalho imenso , da Dra Luisa a dizer-me “Felipa vamos com calma” , a minha família “Tens tempo, calma Lipa” e os meus amigos a resmungar regularmente “Lipa tens de descansar” , apesar de tudo. É a primeira vez que sinto na pele a correria dos estudos, o nervosismo e ate mesmo um cansaço de um ano a estudar sem interrupções. O que para a minha turma é algo cansativo, para mim é uma “alegria” porque á tantos anos que não estudo sem nunca faltar por internamentos.

E nestes últimos meses muitos momentos me marcaram, muitas pequeninas coisas mas tão especiais.

O que nunca pensei vir a acontecer foi, as saudades que tenho da minha segunda casa que criei no Porto. Cada vez que por precaução vou ao Maria Pia, são umas saudades, uma lágrima no canto do olho, daquele quarto que tanto foi meu. A caminha 14 que tantas alegrias me deu , tantas risadas com a família e os meus amigos. Tantas surpresas que lá aconteceram.

E é assim que vivo estes dias , a recordar o quanto fui feliz , quando ainda nem respirar sabia.

Mas agora, ao saber respirar ,ao saber o que é sentir a verdadeira vida , são momentos ainda melhores. Uma liberdade de movimentos , de expressões, uma magia de momentos.

Momentos esses que são acarinhados por palavras que me marcaram , palavras que me deixaram sem reacção e apenas com uma lágrima de alegria *

Só os amigos de verdade, é que nos vêm cada dia pior e no dia em que colocamos o oxigénio numa aula, se viram e dizem “Oh que querida Ana Falipa, e que nos transformam logo o dia.

Não é preciso dizer nada, basta conhecer-te” , é tão bom ouvir isto , e ainda melhor sentir que não preciso de dizer que não estou tão bem para o notarem.

Há infelicidades que vêm por bem” , é verdade, porque se não tivesse Fibrose Quistica não era a Filipa de hoje que valoriza tudo.

Enquanto os outros lêm o que escreves, eu sinto o que tu sentes” , o que dizer quando um amigo nos diz isto ?

Eu só agradeço por ter os melhores amigos, que nunca me deixaram; nunca desistiram de mim e sempre lutaram do meu lado, como se da vida deles se tratasse.

Estão a ser 13 meses de uma correria, de um entusiasmo, que parece que ainda foi á dias que comecei a respirar. Mas o dia em que senti “tanto ar” a entrar, nunca será esquecido, pois foi graças a ele que estou VIVA .



domingo, 25 de abril de 2010

Porque é preciso saber Viver (:

Como prova de uma recuperação fantástica, este sábado fui ao primeiro passeio de catequistas. É verdade, mesmo sendo catequista á quatro anos, este foi o primeiro ano em que fui.
Antes era incapacidade respiratória, depois a garrafa de oxigénio que não tinha autonomia para o dia inteiro, mas em 2010 foi o ano em que consegui, sem entraves, ir e desfrutar de um dia tão especial.
Acordar cedo e dirigir-me para a igreja onde iria encontrar o meu grupo ansioso por partilhar este dia tão significativo para mim.
Passeio no rio Douro, visita ás caves do vinho do porto e á tarde numa bela paisagem na praia de Mindelo, uma eucarística campal, onde podemos agradecer todo aquele dia e a oportunidade de voltar a renascer.
Mas além do dia maravilhoso que estava, do ambiente caloroso que se sentia, consegui perceber algo que me fez sentir ainda “maior”. Novamente junto dos meus amigos cresci.
Percebi que os amigos são para todas as ocasiões, que mesmo as pessoas que nos parecem distantes nos momentos em que precisamos nos acolhem e auxiliam. E mesmo algumas que fazem “juízos” errados, admitem que as coisas não são bem assim.
Foi um dia de conversas muito sentidas e profundas. A Juventude era apenas brincadeiras, abraços, risos e mais diversão. Mas junto dos mais crescidos, tive conversas que me fizeram perceber que viver é sempre a melhor maneira de superarmos tudo e sobretudo viver com a consciência que por vezes os outros erram, mas nós também não somos perfeitos.
Tudo isto para dizer, que no sábado percebi que com ou sem máscara sou a mesma pessoa. Com mais ou menos comentários, cresço sempre. O que interessa é termos amigos por perto que nos defendem, nos protegem e nos fazem sorrir esquecendo situações menos felizes que se cruzam nos nossos caminhos. E esses mesmos amigos saibam, do meu lado, também esquecer e crescerem comigo.
Saibamos viver e isso não significa apenas “habitar” em vida. Mas sim conviver, respeitar opiniões, mesmo que essas não nos agradem, saber compreender que somos todos diferentes e nem todos conseguimos expressar de maneira adequada o que sentimos.
Não é valorizando-as que vou-me sentir melhor, mas sim percebendo-as e encarando-as como uma defesa e assim crescer junto delas.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um ano depois , no trofatv (:


Um ano depois , sem máscara e ainda mais vontade de viver ...



Amanhã , dia 10 de Abril, pelas 19 horas , na Igreja Nova da Trofa, haverá uma missa de Acção de Graças, a agradecer por todo o meu sucesso (:

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um ano e um dia ;)

Hoje foi dia de consulta em Lisboa.
Pelas cinco da manha lá me dirigi ao Hospital de Santa Marta para mais uma rotina de exames e boas noticias (ia eu com esperança disso). E lá matei "saudades" da mascara, por estar num centro hospitalar tive de a voltar a colocar, hoje e para toda a minha vida.
As analises foram feitas, raio-x e as provas respiratórias e o habitual 100% lá espreitou no saturimetro.
Depois fui fazer uma densitometria á coluna e novamente me dirigi ao hospital para ser consultada.
As analises apenas acusaram uma pequena descida das defesas, como tal, para a semana terei de ir ao Hospital Maria Pia para novas analises a fim de controlar os valores e assim saber se terei ou não que fazer umas picadelas na barriga, para aumentar defesas.
Lá almocei e fui para a minha prova de marcha do ano. A tão esperada prova. A medica disse que os valores ano iriam estar muito famosos, porque acordei cedo e o cansaço e principalmente o sono já se faziam sentir.
Pois bem, mas consegui surpreender a medica e foi a melhor prova que fiz desde o transplante. Comecei com saturação a 99% e apenas desceram para 98% (nada significante). Ou seja, o meu organismo consegue fazer o mesmo exercício mas com menos esforço, quer pulmonar, quer cardíaco.
Por isso é continuar com esta "forma fisica 5*" , como a Dra.Lurdes disse.

E assim foi mais um dia por Lisboa.
Mas um dia em que andei pelas ruas lisboetas sem mascara ahah