domingo, 27 de junho de 2010

1 ANO , em terra Trofense (:

Um ano desde a minha chegada á terra nortenha.
Á um ano que voltei á minha vida, á minha família, aos meus amigos, que renasci entre tantas experiencias que me foi dada a oportunidade de ter.
Hoje é sem duvida um dos dias mais importantes deste meu renascimento. Foi pela primeira vez que pisei a minha terra a respirar. E curioso, que sai do carro precisamente no mesmo local em que entrei na ambulância no dia 5 de Abril de 2009. Pequenas coincidências que fazem todo o sentido para mim.
Sem dúvida que foi um ano em que tive a testar os meus limites. Sim porque em Lisboa era mais ‘simples’ basicamente, eram apenas saídas com a mãe e família e os exageros não eram usados.
Desde que estou com os meus amigos, é mais tentador não parar quieta. Foi um ano em que corri, saltei, caí, joguei futebol, tudo … e é inexplicável como me sinto e o quanto é bom dizer-se ‘estou viva’.

Este foi mais um dia em que voltei á Vida.
E nestes dias tão importantes para mim, lembro-me dos meus amigos, aqueles que anseiam por este dia e os que infelizmente não conseguiram esperar por eles, ou que este percurso foi muito complexo para eles.
É importante termos confiança em nós próprios, é preciso que a família/amigos confiem em nós. Ainda me recordo a recepção que tinha em casa quando regressei. Entre amigos e família, todos cheios de carinho, amizade e doces palavras para me fortalecerem. Gestos esses que me encheram o rosto de lágrimas de orgulho em pertencer á família e ao leque de amigos deles.
E hoje tenho a certeza que a vida vale a pena, mesmo quando algo não nos corre bem, mesmo tendo corrido risco de vida, mesmo tendo arriscado a minha vida num bloco operatório, tudo mais tarde é compensado e mais tarde percebemos a lição de vida que cada situação nos quis dar.

Obrigada a todos os que ‘respiram’ esta vida comigo :)

terça-feira, 8 de junho de 2010

“Acreditar que é possível” , 14 meses ( :

Há quem diga que para tudo na vida é preciso ter sorte. Para que estejamos felizes, precisamos de ter sorte de ter uma família que nos proporciona esse ambiente. Para termos sucesso na vida é preciso ter a sorte de ter oportunidades que facilitem esse mesmo sucesso. Ou seja, para que na vida nos aconteça algo de bom, não nos compete a nós, mas sim ao ambiente que nos rodeia. Pois bem, se pensarmos bem quem tem essa mesma “sorte” não sabe dar o seu verdadeiro valor, não valoriza o que de bom lhe foi proporcionado. E nós, refiro-me a doentes de Fibrose Quística, não temos essa “sorte” dada. Tudo o que nos acontece de bom é fruto do nosso esforço e dedicação.

Nós acreditamos que é possível, e é nesse acreditar que fui buscar muitas das forças para que a vida me sorrisse.

Sempre me ensinaram que a sorte não se tem, nada é dado mas consegue-se!

E eu lutei para conseguir a vida que tenho hoje. Vida essa que sempre foi feliz. Sempre me orgulhei de ser como era, a Fibrose Quística ensinou-me tanto. Ensinou-me o que era ter de lutar para conseguir viver, o que era ter de ser forte e pensar que o dia seguinte seria melhor, que o que “tem de ser” tem muita força e aprendi sobretudo a moldar-me aos limites da minha vida. Todos nós temos limites, até quem se diz ter a “sorte” de ser saudável.

Não tenho vergonha de dizer que tenho fibrose quistica, não tenho vergonha de dizer que estava muito mal, que tinha de ser submetida a um transplante, que não era ‘igual’ não outros meus amigos. E percebi então que era especial, senti-me na obrigação de mostrar que se vive feliz de qualquer maneira, desde que nós sejamos felizes por sermos nós próprios.

E em 18 anos de vida, em 14 meses de transplante que festejei ontem, posso afirmar que sou feliz e muito mesmo.

Sou feliz por ser quem sou. Tenho orgulho em ter conseguido lutar e vencer no dia 7 de Abril de 2009.

E sinto-me tão bem em receber os mais variados email’s e mensagens de ajuda e felicitação de outros “amigos” com FQ.

E espero que a minha felicidade hoje, seja a vossa amanhã. E não se esqueçam que nós com Fibrose Quística, somos especiais e lutadores ( :

E termino hoje a dizer-vos como disse uma vez Raul Solnado “Façam o favor de serem felizes”.